Ibiúna, é um município com cerca de 80 mil habitantes, muitos encantos e histórias para conhecer. Essa é uma das cidades com acesso a uma das maiores represas do estado, a Itupararanga. Refúgio para quem quer escapar do agito da capital e respirar um pouco de ar puro, mas não é só isso, não. Tem muito mais coisas na cidade.

Pelo nome a gente já sabe que tudo começou na época da colonização, com os índios. Una é um vocábulo tupi-guarani que significa “negro”, “escuro”, “preto” e ibi significa “terra”. Então, Ibiúna na linguagem tupi-guarani significa “terra-preta”.

Tinha-se conhecimento que as terras do vale escuro de una, no período de 1618, era habitada temporariamente por índios tupi-guarani. O vale escuro era mais um caminho de fuga e um esconderijo para protegê-los de caçadores de índios para escravizá-los. Foram eles que abriram o primeiro caminho e deram os primeiros passos em direção ao vale.

A região de Ibiúna foi colonizada por portugueses, japoneses e italianos. O que hoje é igreja matriz de nossa senhora das dores de una, antes era uma grande fazenda. Ibiúna só se tornou um município em 24 de março de 1857. Desde então, algumas características fazem a cidade única e ainda mais especial.

Ibiúna é o trigésimo quarto município com maior extensão territorial do estado. Além disso, o clima é semelhante ao de Campos de Jordão, já que o município está entre as cidades mais altas do estado de São Paulo.

Da história para a fé. A paróquia nossa senhora das dores é um marco imponente no centro de Ibiúna. Ela foi construída quando o povoado ainda se instalava. Ali foram realizadas as principais celebrações da igreja católica na cidade.

E ainda falando das celebrações católicas, Ibiúna tem um evento muito importante: a festa de São Sebastião. Ela é realizada sempre no último fim de semana de maio.

Um dos pontos turísticos mais conhecidos da cidade é a Capela Bom Jesus da Prisão, tombada como patrimônio histórico municipal em 2001. A construção fica no centro de Ibiúna e foi feita por um italiano, sendo inaugurada em 28 de agosto de 1928. No local é realizada a feira da capelinha todos os meses.

Os encantos de Ibiúna fazem a diferença. Chegar até a cidade é bem simples. Existem duas principais rodovias de acesso: a Bunjiro Nakao, para quem vem por Ibiúna e a Quintino de Lima, caminho de São Roque. A proximidade com a capital, menos de 60 quilômetros, é um dos atrativos para o turismo.

E o esporte tem muito espaço em Ibiúna, mas é uma modalidade diferente: o beisebol. No município fica o centro de treinamento da confederação brasileira de beisebol e softbol, que é a responsável pela organização, controle e administração dessas duas modalidades olímpicas no brasil.

O CT conta com três campos de medidas oficiais, dependências para treinamentos específicos, refeitório e dormitórios. Ele é o “quartel-general” do beisebol brasileiro, onde as seleções realizam a preparação para os campeonatos e onde também são disputadas as competições nacionais.

E um dos segredos escondidos em Ibiúna é a produção de samambaias. A cidade está entre os maiores produtores desse tipo de planta em todo o país.  É uma atividade tradicional, que é passada de geração em geração, parte delas é cultivada em fazendas. Em uma delas são 40 mil metros quadrados de terra, existem mais de 50 espécies de plantas, sendo 15 delas samambaia.

O processo de produção dura dois anos, até a planta ficar assim, grande, colorida e cheia de vida. Tudo é feito em 12 estufas. A samambaia, que foi ícone nos anos 1970, agora retorna com tudo para a decoração, estando sempre entre as indicadas em projetos de designers de interiores.

E realmente, o mundo rural é um dos pontos fortes de Ibiúna. O álbum de recordações da família Watanabe retrata as raízes ibiunenses.

A paixão pelo agro é de berço, com a chegada à Ibiúna na década de 60. Joiji Watanabe, de 34 anos, administra os negócios da família, que conta com cinco empresas. A empresa J.Watanabe produz e distribui todos os dias, produtos alimentícios para mais de 800 supermercados nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Acreditar em Ibiúna foi fundamental para a família que administra um supermercado, com cerca de 500 funcionários e mais de 3 mil metros de área de venda. O complexo conta com uma galeria de várias marcas, estacionamento coberto com três andares e uma loja que recebe 10 mil pessoas por dia. O que é hoje é uma realização, um dia foi só um sonho dos irmãos Rolim de Freitas, os fundadores da empresa.

Ao todo, são sete diretores que trabalham no mercado, batalhando pelo crescimento da companhia. E assim o negócio foi crescendo, até que em 2012 o mercado atingiu um marco: entrou para o ranking da associação brasileira de super e hipermercados, ocupando a terceira posição entre as maiores redes supermercadistas em termos de faturamento.

É na área rural de Ibiúna, a cerca de 15 quilômetros do centro da cidade, que fica uma cabanha, termo usado para descrever um lugar especializado na reprodução de gado, que aqui é da raça leiteira Jersey. São 30 cabeças ordenhadas duas vezes ao dia. Toda a produção de leite vai para a fabricação de queijo artesanal, o carro-chefe do negócio.

Em 2023 a queijaria ganhou medalha de ouro em um concurso mundial. Além dos títulos, o negócio também faz parte da APQA, Associação Paulista do Queijo Artesanal e do caminho do queijo artesanal paulista, que reúne 17 queijarias no Estado. Em 2023, no concurso mundial, o queijo Araucária ganhou medalha de ouro.

A cidade é uma das que são banhadas pela represa de Itupararanga, o maior manancial da região de Sorocaba. Ela é formada por três rios: Sorocabuçu, Sorocamirim e uma. Todos nascem em Ibiúna e percorrem o território do município até se encontrarem e formarem um novo rio: o Sorocaba.

A área total da represa é de 93.356,75 hectares. Ela foi construída em 1911 e desde 1974, a operação da barragem passou a ser de responsabilidade da companhia brasileira de alumínio.

Além de todo o valor ambiental e a importância para o abastecimento de água de várias cidades da região, a represa é um espaço de lazer e turismo. Muita gente aproveita toda essa água para esportes aquáticos e momentos de descontração em família. Ela é um dos motivos pelos quais Ibiúna é considera uma estância turística.

E a espiritualidade também atrai muitos turistas para a cidade. Em Ibiúna, existe a Academia Espiritual Sul-Americana do movimento Seicho-no-ie. O espaço recebe milhares de visitantes da região, do brasil e do mundo todo em eventos realizados pela filosofia que foi fundada em 1930 no Japão.

No salão nobre, diversas famílias participam de seminários temáticos ligados ao movimento que tem como base o amor, a paz, a fé e a gratidão. O espaço foi fundado em 1955 por dois irmãos que moravam no paraná e vieram para região.

A história do movimento Seicho-no-ie está preservada em um museu histórico. Atualmente o brasil representa uma força para a filosofia e o gerente operacional da academia explica que Ibiúna ter um espaço assim é de grande importância para a espiritualidade.

E para quem vive em Ibiúna existem serviços importantes. Isso ajuda os moradores para não precisarem sair da cidade. Um exemplo é o núcleo de apoio e assistência inclusivo novo arco-íris, inaugurado há um ano, a unidade tem feito a diferença para pessoas com algum tipo de deficiência. Atualmente, 200 pacientes encontram aqui assistência terapêutica.

No espaço são oferecidos atividades e serviços como terapia ocupacional, fisioterapia, psicologia, orientação vocacional, capacitação profissional e atividades recreativas, culturais e esportivas adaptadas. Com uma abordagem inclusiva e totalmente reformulada e moderna, utilizando dos mais variados recursos.

Uma das salas que mais chamam atenção é esta toda sensorial para crianças autistas. Tudo é adaptado e pensado no desenvolvimento dos pacientes.

Um grande investimento do governo do estado de São Paulo chegou em uma boa hora em Ibiúna. O tão sonhado teatro saiu do papel e está na fase das obras, que começaram em agosto do ano passado. A obra, com investimento de 8 milhões de reais, deve ser finalizada até dezembro deste ano.

Na área da saúde, existe o centro odontológico “Antônio Manoel Ferraro”, inaugurado há um ano. São com três consultórios e seis funcionários. O serviço é gratuito e já realizou mais de 3 mil atendimentos e 14 mil procedimentos odontológicos. E ainda há a previsão para inauguração de uma nova sala.

Outra obra esperada pelos moradores, é a reforma do terminal rodoviário, que está quase pronta.

Na educação, as creches passam por um processo de recuperação.

Outras conquistas de Ibiúna estão por vir. Em 24 de março o município completa 167 anos de emancipação política e muita coisa ainda está programada para a cidade.